O deputado estadual Juca do Guaraná (MDB) usou o 13 de Maio, data que marca oficialmente a abolição da escravatura no Brasil, para fazer um alerta sobre as desigualdades raciais ainda presentes na sociedade brasileira. O parlamentar destacou que, mais do que celebrar, é preciso refletir sobre o que a assinatura da Lei Áurea realmente significou — e o quanto o povo negro segue enfrentando os efeitos da escravidão nos dias de hoje.
“Sou o único deputado negro eleito entre os 24 parlamentares na 20ª legislatura da Assembleia Legislativa de Mato Grosso e digo isso com o peso de uma responsabilidade enorme sobre os ombros. Ser minoria dentro de um espaço de poder nos faz enxergar, todos os dias, o quanto ainda temos que avançar enquanto sociedade”, pontuou.
Para o deputado, o 13 de Maio simboliza uma abolição incompleta, que libertou juridicamente, mas não garantiu dignidade, reparação ou inclusão. “A Lei Áurea libertou os corpos, mas não assegurou acesso à terra, à educação, à saúde ou ao trabalho. O Estado abandonou milhões de negros à própria sorte”, afirmou.
Juca também ressaltou que, por esse motivo, muitos movimentos e lideranças negras priorizam o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, como verdadeira data de resistência e afirmação. “Enquanto o 13 de maio é lembrado como o fim oficial da escravidão, o 20 de novembro representa a consciência, o orgulho, a cultura e a luta do povo preto, que nunca deixou de resistir, antes, durante e depois da abolição”, destacou.
O parlamentar relembrou que os mais de 300 anos de escravidão no país deixaram cicatrizes profundas, que ainda se refletem no racismo estrutural, na desigualdade social, no encarceramento em massa e na violência policial, que atinge, majoritariamente, a população negra. “Somos a maioria nas periferias, entre os desempregados, nos presídios e seguimos sub-representados nos espaços de decisão”, disse.
Juca do Guaraná reafirmou seu compromisso com a luta do povo negro dentro e fora do parlamento e reforçou a necessidade de políticas públicas que promovam justiça, representatividade e igualdade racial
“Cada projeto, cada fala, cada voto meu é guiado pelo compromisso com a juventude negra, com as mulheres negras — que são as mais impactadas pela exclusão histórica. O 13 de maio, para mim, não é um ponto final. É uma vírgula. A luta continua. Seguimos na defesa por mais acesso à educação de qualidade, incentivo ao empreendedorismo negro, respeito e reparação histórica. Minha voz na Assembleia Legislativa de Mato Grosso é a voz de quem não aceita mais retrocessos”, concluiu.
Além de Juca, outro negro a estar como deputado na Assembleia Legislativa atualmente é o suplente Edcley Coelho (PSB), que ocupa a cadeira do deputado Fabinho (PSB), que está licenciado do cargo.
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